Poder

Choveu fantasma na horta de Maricá

Como as empresas de FERNANDO TRABACH se perpetuam no poder faturando alto e mudando de nomes. Conheçam o modus operandi que veio para fincar raízes em Porto Alegre.

Quando o assunto é ganhar dinheiro público, o empresário FERNANDO TRABACH é igual aos seus postos de combustíveis: não tem bandeira! Para ele tanto faz se o governo é de direita, como o de Porto Alegre/RS onde ganhou contrato de coleta do lixo, ou de esquerda como o de Maricá/RJ, cidade turbinada por royalties do petróleo governada pelo PT há mais de dez anos e que hoje tem como prefeito FABIANO HORTA.

Analisando a “evolução” dos contratos do grupo na cidade fluminense fica fácil entender a estratégia de mudar os nomes das empresasà medida que as falcatruas vão sendo descobertas. Isso ocorreu nos contratos de coleta de lixo e nos de limpeza e conservação da cidade.
Em Maricá, ainda na gestão de WASHINGTON QUAQUÁ (atual vice-presidente nacional do PT), foi assinado em 2013 o primeiro contrato de coleta de lixo nº 135/2013 com a empresa KAT RIO Serviços Ambientais, CNPJ 02.780.143/0001-99, no valor de R$ 10.173.743,70.

Quem assinou pela empresa foi MARCIO FERREIRA DE ALMEIDA, outro membro da organização criminosa de TRABACH, preso com ele no processo 000733826.2016.8.19.0045, pelos crimes de organização criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro. Segundo o MP: “por no mínimo 622 vezes, em diversas Comarcas, especialmente em Resende/RJ, os acusados FERNANDO TRABACH GOMES, FERNANDO TRABACH GOMES FILHO, CYRO FIDALGO e MÁRCIO FERREIRA DE ALMEIDA obtiveram, para si e para outrem, vantagens ilícitas no valor aproximado de RS 16.797.922,03, em prejuízo de centenas de consumidores”.

Em 2018 foi assinado novo contrato de coleta de lixo nº 584/2018 com a prefeitura de Maricá, de R$ 10.535.547,00, no qual a empresa KAT RIO passou a se chamar KATTAK SERVIÇOS LTDA, com o mesmo CNPJ. Dessa vez quem assinou o contrato foi JACKS TRABACH, irmão de FERNANDO.
A partir daí, a prefeitura passou a fazer contratos “emergenciais” com a KATTAK, como se a coleta de lixo fosse alguma surpresa repentina que impedisse realizar a devida licitação.

Em novembro de 2020 foi finalmente realizada uma nova licitação para coleta de lixo em Maricá e a ganhadora do contrato nº 225/2020 foi a empresa LIBANO Serviços de Limpeza Urbana LTDA, CNPJ 09.077.888/0001-35, que também pertence à organização criminosa de TRABACH. Esse novo contrato de R$ 11.717.878,90 foi assinado mais uma vez por seu irmão JACKS, o mesmo que assinava pela KATTAK, sem qualquer preocupação em disfarçar quem são os donos dos dois negócios.

O Contrato com a LIBANO foi prorrogado em novembro de 2021, mas dessa vez a empresa também já tinha mudado de nome para LIMPPAR CONSTRUÇÃO E SERVIÇOS LTDA, que já é nossa conhecida porque foi a mesma que ganhou a licitação em Porto Alegre/RS.

Em resumo, entre licitações e emergências, o quadro dos contratos de coleta de lixo em Maricá com o grupo foi o seguinte:

Tabela 1:

Nos contratos de limpeza e conservação a estratégia foi a mesma.Em 2014 a prefeitura de Maricá assinou o primeiro contrato nº 98/2014, no valor de R$ 33.160.753,80, também com a antiga empresa KAT RIO Serviços Ambientais, CNPJ 02.780.143/0001-99, a mesma do contrato do lixo.
Em dezembro de 2019 a prefeitura cansou das licitações e resolveu fazer o contrato emergencial nº 137/2019, no qual o nome da empresa mudou para KATTAK SERVIÇOS LTDA, mantendo o mesmo CNPJ. Em 2020 houve mais um emergencial.
Hoje em dia KATTAK mudou de nome mais uma vez e passou a se chamar ARPOADOR SERVIÇOS LTDA, com o mesmo CNPJ, estreando na horta de Maricá com o contrato 135/2022 de R$ 42.599.989,94, assinado em junho deste ano, para serviços de capina e roçada manual da cidade. O dono vocês já sabem quem é.
Entre os contratos de limpeza e conservação e de capina o quadro é o seguinte:

Tabela 2

Parece que a sucessão de contratos emergenciais em Maricá não foi ignorada pelo Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, tanto que, no processo 806.610-0/15, houve expressa determinação para que a Secretaria Geral do Controle Externo incluísse na análise de superfaturamentos outros contratos nº 01/2013 e 153/2013 celebrados, respectivamente, pela KAT Transporte de Entulho Ltda e pela KAT RIO Serviços Ambientais.

O que mais impressiona é que todas essas manobras ocorreram em meio às negociações do acordo de colaboração premiada que foi assinado em 2019 entre os membros da organização criminosa e o Ministério Público,onde confessaram o pagamento de propinas para diversas prefeituras, citando até Maricá, num verdadeiro deboche com a justiça.

Será que o Ministério Público Fluminense anuiu com a continuidade desta profusão de emergências obtidos de forma ilegal ou isto seria um claro descumprimento do acordo de delação premiada? Qualquer resposta seria inaceitável sob a ótica do combate à corrupção sistêmica.

Coincidência ou não, o advogado que defendeu FERNANDO TRABACH nas ações penais da organização criminosa foi o deputado estadual RODRIGO BACELLAR, homem de confiança do governador CLAUDIO CASTRO e candidato a presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro:

https://odia.ig.com.br/colunas/informe-do-dia/2019/07/5659325-rodrigo-bethlem-e-muito-mais-do-que-um-simples-conselheiro-de-crivella.html

“Relator da CPI do Gás da Alerj, o deputado RODRIGO BACELLAR (Solidariedade) é próximo ao setor de combustíveis. Ele é amigo do empresário FERNANDO TRABACH, proprietário de postos de gasolina na Baixada Fluminense. O parlamentar, aliás, foi advogado de TRABACH, que já foi preso duas vezes – nas operações Caça-Fantasmas e Mercado de Ilusões. Era BACELLAR quem ia à cadeia falar com o empresário.” (jornal O Dia, 02/07/2019)

As relações políticas de FERNANDO TRABACH no Rio de Janeiro já são antigas e conhecidas da imprensa e do Ministério Público Fluminense, resta saber quem sustenta a organização criminosa no Rio Grande do Sul.

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