Política

As Emergências da Limppar e o Bom Tempo

Depois que o PODER DF divulgou os bastidores do contrato de coleta de lixo assinado pela Prefeitura de Porto Alegre com a empresa LIMPPAR CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA, pertencente ao criminoso confesso FERNANDO TRABACH e sua quadrilha, inúmeras denúncias têm chegado à nossa redação revelando falcatruas do mesmo grupo em vários outros municípios.

Na cidade Itaboraí, conhecida nacionalmente pela construção inacabada de um polo petroquímico, a Prefeitura contratou em junho deste ano emergencialmente e sem licitação a empresa LIMPPAR para serviços de coleta de lixo domiciliar por seis meses, ao valor de R$ 6.518.884,61:

Difícil entender qual a razão para um serviço essencial e contínuo ser contratado por emergência. A explicação desse despropósito e da escolha da empresa de TRABACH deve ser dada pelo Controlador-Geral de Itaboraí, o coronel NELSON PITTA DE CASTRO NETTO, e pelo prefeito MARCELO DELAROLI, que está careca de saber do envolvimento dos sócios da LIMPPAR no pagamento de propinas para prefeituras e dos processos com suas delações premiadas para deixar a cadeia.

A licitação para escolher a nova empresa do lixo em Itaboraí está marcada para 12 de dezembro, mas não é difícil prever quem é a preferida dessas autoridades para ganhar o negócio. Aliás, outro emergencial está no forno e pode sair para o grupo antes disso.

Outro lugar onde reinam as empresas de FERNANDO TRABACH é a cidade imperial de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.

No dia 15/02/2022, a cidade sofreu uma das maiores tragédias de sua história por causa das chuvas, com mais de 230 mortos. O sofrimento da população serviu para que o prefeito RUBENS BOMTEMPO contratasse por emergência, sem licitação, a mesma empresa LIMPPAR em 16/02/2022, no dia seguinte ao temporal, através do Contrato 001-E/2022 da Companhia Municipal de Desenvolvimento de Petrópolis-COMDEP.

Nos termos do contrato, a LIMPPAR receberia R$ 4.411.532,40 para locação de caminhões e máquinas por apenas 90 dias. Em 16/05/2022 o contrato foi prorrogado por mais três meses, novamente sem licitação. No final dos seis meses, a LIMPPAR teria faturado quase 9 milhões de reais.

Mas a sorte dos TRABACH em Petrópolis não é só na época de emergência. Em 08/09/2022 a empresa ganhou a licitação (pregão presencial 020/2022 da COMDEP) para prestar os mesmos serviços de locação de caminhões e máquinas, porém com preços que eram quase metade daqueles que cobrou em cima da desgraça alheia. Ou seja, a própria LIMPPAR confessou que seus contratos anteriores eram superfaturados.

O estado de calamidade em Petrópolis até justificaria a contratação emergencial, mas nada justifica o lucro absurdo da LIMPPAR no momento da tragédia, e muito menos a escolha de uma empresa envolvida em todo tipo de ilegalidades.

Para comprovar o superfaturamento no contrato emergencial basta comparar os preços praticados nele com os que a própria LIMPPAR apresentou na licitação posterior. A diferença em alguns itens é mais que o dobro: (os valores abaixo são por cada hora de uso dos equipamentos)

Descrição EMERGENCIAL (chuva)

Valor Unitário/hora

LICITAÇÃO

Valor Unitário/hora

Caminhão basculante trucado, capacidade de 12m³  244,28 113,91
Retroescavadeira hidráulica 185,68 128,88
Escavadeira hidráulica 239,67 166,35
Guindaste articulado sobre caminhão (Guindauto) 300,10 208,30
Caminhão tanque capacidade 6.000 L 192,43 133,57
Caminhão carroceria fixa, toco, 3.5 ton 156,13 72,80

 

O Ministério Público já investiga alguns contratos superfaturados assinados dias após as chuvas em Petrópolis, celebrados de forma muito parecida com a que ocorreu nos casos da LIMPPAR. Confira: https://www.diariodepetropolis.com.br/integra/operacao-clean-policia-civil-e-mp-realizam-apreensoes-e-presidente-da-cptrans-e-afastado-pela-justica-216593

As investigações da Polícia e do MP apontam que a nova empresa, contratada de forma emergencial, por conta do estado de calamidade provocado pelas chuvas, recebe mais do que o dobro do que aquela que prestava o serviço até então. Segundo o MP, a hora/homem, que no antigo contrato custava R$ 10, no emergencial passou a custar R$ 21,67. “A nova empresa foi contratada por um preço superior ao dobro por hora/homem do que vinha sendo pago até então. Com isso, a empresa nova está recebendo um valor que significa mais que o dobro do que vinha sendo pago a empresa anterior, sem qualquer razão aparente para tanto”, destaca Celso Quintella (Promotor de Justiça).

Falta apenas o MP passar pelo mesmo raio x os contratos da LIMPPAR com as prefeituras de Petrópolis, Itaboraí, Maricá e Porto Alegre para localizar a metástase.

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