Foragido, encurralado e com o sistema psicológico da família destruído, o golpista Bruno Lippel traçou uma nova rota de fuga. Desta vez, o sócio da Empresa Multiplus, que aplicou um golpe de mais de R$ 70 milhões no mercado financeiro, vai tentar passar a fronteira seca da Argentina.
O núcleo de jornalismo investigativo do Poder DF, conversou com pessoas que eram próximas a Bruno Lippel, que revelaram que há uma tentativa desesperada de fuga. Alguns, que ainda mantém algum tipo de contato com interlocutores do golpista, aconselharam ele sair de seu esconderijo e propor um acordo às vítimas para evitar consequências “drásticas e irreversíveis”.
Vítimas de Bruno Lippel, já acionaram a Polícia Rodoviária Federal. Dessa forma dificilmente ele conseguirá sair do país sem ser notado. A situação do estelionatário é semelhante ao do cônsul alemão, acusado de matar o companheiro, que fugiu do país, bem como a do homem que agrediu uma mulher em uma academia. Casos que tomaram grande repercussão, mas estão parados na justiça devido a “fuga” dos envolvidos.
Entenda o caso
A empresa Multiplus Assessoria Ltda é alvo de ao menos uma ação na Justiça por possíveis fraudes cometidas contra investidores em operações na bolsa de valores. Ao todo, a suspeita é que os empresários, médicos e advogados de Blumenau, que investiram recursos através da empresa, tenham sofrido prejuízos que totalizam cerca de R$ 80 milhões – segundo informações apuradas pela reportagem.
O processo judicial é coletivo – já que acumula diversos investidores – e foi peticionado pelo advogado Pedro Cascaes Neto. Como está em segredo de Justiça, o advogado não pôde dar mais detalhes da denúncia e apenas informou ter solicitado a indisponibilidade de bens dos sócios da Multiplus, para tentar recuperar o dinheiro investido.
Os sócios da empresa são Bruno Lippel e Ingomar Mueller. Na Multiplus, eles recebiam recursos dos investidores e aplicavam no mercado financeiro. A suspeita é que relatórios e documentos apresentados aos clientes tenham sido adulterados para esconder os rombos e prejuízos.
Segundo Bruno, o sócio informava aos investidores um valor diferente do que tinha em conta. “Ele fraudava os relatórios de operação, onde por exemplo ele poderia ter perdido
R$ 5 milhões para o grupo todo, ele dizia que tinha sido R$ 2. Isso foi criando um desfalque e um resultado que não existia”, afirmou à reportagem.Bruno também disse sentir-se responsável, já que confiou e juntou seu nome com o do sócio, que teria cometido as fraudes. Ele afirmou que muitos dos investidores são amigos e que teve a vida destruída por ingenuidade.
À reportagem, Bruno confirmou que a conta da Multiplus tem R$ 4 milhões de saldo – valor que sobrou dos mais de R$ 71 milhões investidos. Ele diz também que apenas Ingomar tem acesso a essa conta e que o valor é bem inferior aos relatórios encaminhados aos investidores, que apontavam rendimentos e um saldo de cerca de R$ 83 milhões.