Nos pampas, o crime tem compensado
Contrato do Lixo em Porto Alegre Comprova que o Crime Compensa
O contrato do lixo na capital gaúcha tem deixado um lastro de corrupção na terra dos pampas. Ter no currículo, tempo de cadeia tem contato pontos para vencer licitação em uma das capitais mais importantes do país, Porto Alegre. Conforme noticiado pelo Poder DF nas últimas duas semanas, o contrato de R$ 47 milhões celebrado entre o Município de Porto Alegre e o Consórcio Porto Limp trouxe à tona a figura do empresário Fernando Trabach Gomes e a sua criminosa atuação por meio da utilização de fantasmas que nunca existiram (George Augusto Pereira da Silva) e de outros fantasmas de sua relação pessoal (Mônica Lima e Jacks Trabach, dentre muitos outros).
Após tantos crimes “conquista” um Contrato em Porto Alegre, em detrimento de dezenas de empresas gaúchas.
O que muita gente não sabe ainda é que depois de ser preso, o Sr. Fernando Trabach Gomes celebrou um acordo de delação premiada com o Ministério Público do Rio de Janeiro, no qual ele detalha a sua atuação na compra de apoio político em diversas Prefeituras para a posterior obtenção de contratos de lixo direcionados, por meio de licitações fraudulentas e com editais fabricados.
Há um caso emblemático, vastamente divulgado pela mídia, que envolve o então Prefeito de Arraial do Cabo, Renato Martins Vianna que, em 2016, recebeu a quantia de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) de Fernando Trabach Gomes e, em contrapartida, prometeu a este que fraudaria o caráter competitivo do procedimento licitatório e “montaria” o contrato relativo ao serviço de coleta de lixo, direcionando-o ao empresário.
Vejam mais em:
https://odia.ig.com.br/arraial-do-cabo/2020/10/6006981-em-delacao–empresario-revela-esquema-envolvendo-o-prefeito-de-arraial-do-cabo.html
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/06/10/prefeitura-fecha-contrato-para-coleta-de-lixo-em-belford-roxo-com-empresa-investigada-pelo-mprj.ghtml
Vale transcrever as palavras do próprio Fernando Trabach Gomes (fls. 94 dos autos do Procedimento Investigatório Criminal nº 2020.00020786):
FERNANDO TRABACH GOMES: “o RENATO VIANNA, mais conhecido como RENATINHO eh… me procurou no final de 2015, início de 2016 me pedindo apoio, ajuda pra campanha dele na eleição de… 2016 a PREFEITO. Me apresentou pesquisa, me mostrando que ele estava numa boa posição, né…. que tinha lá, viabilidade pra poder ser e me pediu na época uma contribuição de 400 MIL REAIS para que ele pudesse ter lá essa candidatura dele, em contrapartida depois ele nos passaria o contrato da coleta de lixo, que assim foi feito”.
MPRJ: “Então, haveria uma fraude na licitação para sua empresa se sagrar campeã do certame, na medida em que o senhor o apoiasse, né, prestasse o apoio com o aporte de dinheiro em campanha eleitoral, na campanha dele para Prefeito.”
FERNANDO TRABACH GOMES: “exatamente isso.”
MPRJ: “esses valores de campanha que o senhor cedeu, o senhor chegou a dar os 400 MIL?”
FERNNADO TRABACH GOMES: “Dei, dei os 400 MIL a ele […].”
Fonte: Disponível em JusBrasil: Superior Tribunal de Justiça AgRg no HABEAS CORPUS Nº 607.272 – RJ
Portanto, o contrato celebrado com o Município de Porto Alegre parece ser mais uma evidência de que no Brasil o crime compensa, e muito!
O empresário é preso cometendo diversos ilícitos, em seguida celebra um acordo no qual ele devolve uma pequena parte do dinheiro angariado de forma ilícita, “legaliza” diversas empresas em nome de interpostas pessoas e ainda pode buscar novos contratos com o selo de colaborador e de “honesto” dado pelo próprio Ministério Público e pela Justiça.
Nada mais absurdo.
O acordo não deveria ter afastado o delator da atividade criminosa? A Justiça permite que ele siga operando com laranjas ?
A indústria da delação sem critérios premia grande corruptores, deixando de combater a corrupção institucionalizada e, em alguns casos, permite que organizações criminosas espalhem os seus tentáculos sobre novos territórios: é exatamente o caso de Porto Alegre.